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“Interiores Afetivos” foi a terceira instalação projetada e

executada na Casa Amarela (2016/2017) cujo potencial

de reflexão sobre questões artísticas relacionadas aos espaços

arquitetônicos desafiou os dois artistas para atuarem juntos.


 

Trata-se de uma casa de quase um século (1921) que estimulou investigações poéticas sobre mudanças vivenciais e comportamentais ocorridas na nossa cidade e sociedade e que se rebatem nos espaços das residências antigas e novas. Cômodos, móveis e objetos foram vistos como testemunhas de ambientes que se transformaram ao longo das diversas décadas. Optou-se por explorar o potencial plástico dos objetos cotidianos caseiros num diálogo transtemporal entre eles. O enorme material iconográfico das famílias, a evolução dos móveis residenciais, a imensa história do design gráfico e de produtos eletro-eletrônicos, as mudanças dos hábitos e atitudes, foram alguns dos componentes que serviram de referências artísticas para esta nova Instalação.

Exemplificando: na sala, o relógio de pêndulo que embalava a intimidade das salas e que era uma espécie de coração mecânico

(como já escreveu Jean Baudrillard), foi um conceito explorado para a execução de um dos trabalhos.

Outro exemplo: a letra de uma música antiga que faz referência ao ambiente do quarto, foi submetida a uma releitura feita por um atual painel de LEDS e comenta o conceito transversal de épocas se cruzando e conversando.

Mas além das abordagens das mudanças e atritos tecnológicos, a casa sugeriu novas relações de convivência entre as pessoas por meio de equipamentos considerados obsoletos como projetor de slides, retroprojetor, telefones de discar e máquinas de escrever, assim como os espelhos que sempre estiveram presentes nos ambientes domésticos.

Foram propostas formas de relacionamento esquecidas ou pouco exploradas, quase sempre na mistura híbrida de situações relacionais e vivencialmente estimulantes.

Esta abordagem que foi fundamental nesta Instalação/Intervenção, vai ao encontro do que diz o pensador e teórico contemporâneo

Nicolas Bourriaud: “Arte é um estado de encontro fortuito”.

A instalação “Interiores Afetivos” indicou e indiciou encontros.

Fotos: Soraia Pierrot

Interiores Afetivos

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